Vida, Mentes Conscientes e Felicidade

Todos almejam a felicidade, mas muitos não a sentem durante a maior parte de suas vidas. Qual o problema então? Pobreza financeira? Se fosse isso, então não haveriam ricos infelizes. Sejamos simples: um importante ingrediente da felicidade é a pessoa fazer o que é necessário para a vida humana e o que é para si própria. E o que importa para nós, humanos? Para respondermos a esta questão, proponho observarmos nossa posição no longo prazo da existência conhecida.

Muito tempo se passou e, um dia, estava formado o planeta Terra. Havia sido criada a geosfera terrestre.
Planeta Terra (geosfera)
Mais um bom tempo e, neste planeta morto, ocorre um evento que resulta no surgimento da vida terrestre.
Planeta Terra (geosfera) -> Vida

Façamos um breve parênteses antes de prosseguirmos com a questão da felicidade humana. Por curiosidade: que evento foi esse que fez surgir a vida na Terra? Ele continua acontecendo até hoje, criando mais vida a partir da matéria inanimada, ou a vida segue a lei da evolução das espécies formulada por Darwin que prega que a vida apenas surge da vida e, com o tempo, evolui para outros formatos? Seja como for, até onde sabemos hoje a vida vem da vida e assim vão sendo herdadas todas as suas características e necessidades.

Então, a partir da criação da vida e da sua evolução até nós, surgiu o mundo animal com criaturas que possuem suas próprias necessidades. Não atender a estas necessidades implica em morte física  e infelicidade e, como também somos animais, é necessário nos encarregarmos delas apropriadamente. Assim, como nossos primos do mundo animal, precisamos de ar, de água, de alimentos, de nos satisfazermos com a caça e de outros de nossa espécie para conviver, procriar e exercer a luta pelo poder. Para muitas pessoas, ainda muito apegadas ao nível animal e que, desta forma, satisfazem-se facilmente com as mesmas coisas que um animal mais atrasado, basta comer, procriar e lutar com seus semelhantes para poder provar sua superioridade. São pessoas simples e que ainda formam, possivelmente, a maioria da população. Para estas pessoas, a felicidade depende grandemente de satisfazer estes instintos. Mas, não se engane, não existe pessoa alguma que possa ser feliz apenas neste nível, pois o menos evoluído dos seres humanos é mais adiantado do que qualquer animal.

Então, concluímos que o primeiro evento que proporcionou a transição
Planeta Terra (geosfera) -> Vida
não foi o que criou a existência humana.

Mais um bom tempo se passou e aconteceu o segundo e último evento de grande importância em nosso mundo conhecido: o surgimento da mente consciente. Surge o pensamento.
Planeta Terra (geosfera) -> Vida -> Pensamento e consciência

De novo: como isso aconteceu? A vida evoluiu sozinha de tal forma que, espontaneamente, surgimos nós, criaturas que podem dizer “eu sou” e que sabem e sabem que sabem? Talvez. Com o pensamento a vida passou a olhar e a questionar a si própria. E, com ele, novas necessidades surgiram. Este evento gerador da mente consciente também parece ter acontecido uma única vez a partir da qual nós, a espécie terrestre agraciada com este dom, prosseguimos. Importa sabermos que, com a consciência, novas necessidades surgiram. Mas, vamos observar um pouco mais antes de abordarmos esta questão.

A vida não é isolada, mas manifesta-se numa intrincadíssima teia de diferentes seres que se relacionam entre si no que chamamos de biosfera. Da mesma forma deve ocorrer com as mentes conscientes, haja visto que uma influi na outra de formas mais abrangentes do que apenas as conexões sensoriais. Sendo assim, existe uma mentesfera, ou uma noosfera (do grego νους (nous, “mente”)). Temos, assim, a seguinte linha evolutiva a partir dos dois eventos citados:
Planeta Terra (geosfera) -> Vida (biosfera) -> Pensamento e consciência (noosfera)

Existe, nesta linha, uma evolução. Uma evolução marcada pela nítida ascensão de tudo para a consciência e que é um caminho de via única e não opcional. Isso significa que estamos evoluindo, de forma independente de nossa vontade. Isso também significa que, para sermos felizes, precisamos agir de acordo com nosso papel na evolução que nos cabe. É simples, mas é preciso sabermos o que devemos fazer para seguir nesse caminho.

Em primeiro lugar, torna-se muito importante identificarmos em nossos valores, ações e vidas o que é mera herança do mundo animal que ainda vive em nós. Tais atitudes devem ser colocadas numa prioridade inferior. Em segundo, devemos saber que o que nos diferencia deles são o pensamento, a consciência e a sua união na noosfera e, assim, isso é o que devemos priorizar. Assim procedendo, por nos colocarmos em sintonia com a evolução, teremos chances de cumprirmos nosso papel e, consequentemente, nos realizarmos e sermos felizes. Disso conclui-se que a infelicidade tem uma de suas origens, se não a maior, na ignorância de nossas necessidades espirituais e animais, bem como de nossas prioridades em relação a elas.

Como é totalmente inútil ir contra o caminho evolutivo e como nossa natureza tem a ver com ele, assim como tudo no universo, qual o preço da ignorância sobre nós mesmos? A infelicidade é apenas um custo. A evolução é o único caminho do mundo real e graças a ela existimos. Se não fosse esse o caminho das coisas que existem na realidade, como poderia a mais simples da matéria, o hidrogênio, chegar a outros materiais mais complexos, estrelas, planetas e seres vivos? Como poderia surgir nossa mente, feita disso e acrescida de um ingrediente extra dado pela evolução? Como não sermos conscientes e sapientes a respeito de nossas necessidades espirituais e de nossa união na noosfera para nos dedicarmos prioritariamente neste caminho? Não temos opção. É a natureza e o caminho do universo e nossa natureza é parte nisso. Se você quiser ir contra, tente retroceder ao nível de  um macaco, de uma planta e da vida unicelular.

Então amigos, para sermos felizes, precisamos proceder como os animais que sobrevivem e procriam. Entretanto, devemos refrear a luta pelo poder social, outra característica da vida dos animais sociais superiores, pois esta entra em desacordo com outras necessidades humanas no nível da consciência. A mente, a alma e o espírito, ou, em outras palavras, o que somos, precisa crescer para além da briga material, pois esta nossa essência espiritual não tem origem material, mas apenas experimenta a vida física para seu aprimoramento. Assim como a vida evoluiu até o pensamento, este continuará no mesmo caminho até ser mais do que ele próprio.

Outro aspecto extremamente importante para nossa felicidade, já que diretamente relacionado ao nosso caminho evolutivo, é que somos unidos em consciências na noosfera e, assim, precisamos cuidar um do outro. Com esta união, o crescimento de um alavanca o de todos os outros rumo ao ser mais do que somos hoje. Da mesma forma, esta união mental também implica que se alguém estiver mal, todos ficarão mais mal. Precisamos, então, nos amarmos e nos unirmos. As palavras de Jesus não foram um conselho, mas uma ordem. Nossa elevação se dá através da união com os outros e, para isso, precisamos estar realmente juntos e focados numa mesma direção. Precisamos nos amar. Isso pode ser facilmente verificado através de um exemplo. Imagine que ninguém ame você. Ninguém se importe com você. Agora, nesta situação, seja feliz. Tente! Se você não precisar fazer este exercício por que esta é a real situação de sua vida, não se iluda com isso. Lembre que vivemos num mundo onde nos isolamos e ficamos mais solitários do que o normal. Quebre essa tendência e abra-se você aos outros, queira-os e se interesse por eles. Com o tempo, sem dúvida alguma, você verá o amor de outros vindo até você.

Esse é um resumo nada exaustivo que pretende apenas mostrar o que precisamos fazer para estarmos no caminho esperado para os seres humanos. Estando no caminho iremos na direção certa e poderemos ser felizes. De outra forma, não há como manter a felicidade e apenas nos retardaremos em nossa jornada.